segunda-feira, 22 de junho de 2009

A equação democrática de Maria Hermínia

Daniel A. Alfonso

Menos de uma semana após louvar a comemoração dos 40 anos do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento ( tão emocionada que, incontida, interrompeu discurso do Prof. Gianotti para pedir a palavra), a Professora Maria Hermínia Tavares de Almeida, do departamento de Ciência Política da FFLCH, teve o mérito de esclarecer, em entrevista à Folha de São Paulo, a equação da democracia capitalista, ou Estado de Direito como a ela gostam de se referir os ideólogos burgueses: eleições + repressão policial = exercício da democracia. Em meio à intensa jornada de debate na intelectualidade uspiana fruto da invasão da universidade pela polícia na semana passada, a professora, especialista na transição da ditadura à democracia, conseguiu expressar o que um importante setor da faculdade "vermelha" gostaria de dizer: que a democracia é o exercício do direito individualizado, atomizado, onde se esfumaçam as diferenças elementares de classe e se prima, acima de tudo, pelo direito à propriedade privada ( o corpo, em certo sentido, ganha esse caráter, pois sua defesa também é atomizada), e ao "livre exercício da liberdade individual", que sob o capitalismo nada mais é que a liberdade dos trabalhadores venderem sua força de trabalho.
É assim, portanto, que a ação elementar dos trabalhadores de defesa de seu direito de greve, é considerada um atentado à democracia, uma ação na qual a polícia, a guardiã da propriedade, deve intervir como lhe cabe. Uma entusiasta do projeto democrático do CEBRAP sabe o que está falando, e é com propriedade de intelectual estarrecida com a situação que se dirige à imprensa, defendendo a militarização da USP. Sua escolha eleitoral, como representação do país que deseja, se já foi, hoje não é segredo algum. Para a Prof. Maria Hermínia, Serra é o componente da estabilização da equação do Estado de Direito. Se depender dele, assim o será, porém com armas e cassetete, reprimindo a população. Se já foi capaz de reprimir estudantes universitários, o que será capaz de fazer o projeto democrático ao qual Maria Hermínia não se envergonha de oferecer seu apoio?

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